segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Abertura e a história dos 3 porquinhos





Qualquer partida de xadrez com um registo inferior a 20 jogadas faz lembrar a história infantil dos 3 Porquinhos. Um bom desempenho até à parte intermédia do jogo, meio jogo, exige o domínio de um conjunto de princípios fundamentais da abertura.



Ainda que o sucesso na parte inicial do jogo resulte mais do esforço empreendido na memorização de algumas linhas e suas principais variantes do que directamente da inspiração nos princípios fundamentais da abertura em cada lance, um conhecimento seguro destes princípios é extremamente vantajoso (e facilita a assimilação das aberturas).



O sucesso da abertura passa pela conjugação interdependente de um conjunto de factores que se podem sintetizar como:

Existência de um plano;

Desenvolvimento estruturado;

Controlo do centro do tabuleiro.





Existência de um plano

Muitas vezes um jogo é perdido, porque se chega ao meio jogo já em desvantagem. A principal razão para esse insucesso no jogo é tratar-se a abertura com ligeireza, sem pensar nas consequências de cada jogada.



Na abertura há que reconhecer as linhas estratégicas da posição e colocar as peças nas casas mais adequadas, i.e. jogar-se de acordo com um plano, e dentro deste deve considerar-se:

- Conquistar espaço para a movimentação das suas peças;

- Não jogar lances sem uma intenção específica;

- Não sacrificar material sem um motivo claro.





Desenvolvimento estruturado

No início da partida, ambos os jogadores têm as peças mal situadas, ocupando as regiões laterais do tabuleiro. O desenvolvimento das peças corresponde ao esforço estruturado em conduzir cada um dos conjuntos de peças na direcção de maior pressão sobre o conjunto adversário, exercendo influência, se possível, na maior parte do tabuleiro.



Por vezes acontece que um dos conjuntos centraliza as suas peças com extrema rapidez, enquanto o outro o faz sem grande pressa, e é derrotado impetuosamente. Para evitar esses processos, fortemente traumáticos, há que seguir um conjunto de princípios destinados a obter um bom desenvolvimento:

- Desenvolver as peças rapidamente.

- Fazer o roque o mais cedo possível, evitando a exposição do rei no centro.

- Não capturar material à custa do atraso no desenvolvimento.

- Desenvolver os cavalos, se possível, antes dos bispos.

- Não mover duas vezes a mesma peça.

- Não sair cedo de mais com a dama, para evitar que essa seja atacada repetidamente por peças de menor valor, resultado em perda de tempo.

- Não fazer demasiadas jogadas de peões, porque isso atrasa o desenvolvimento das outras peças.





Controlo do centro

O centro do tabuleiro é representado pelas casas d4-d5-e5-e4. Observando o número de casas do tabuleiro dominado por cada peça, verifica-se que as peças centralizadas têm muito maior poder. Constata-se a importância de que se reveste o domínio do centro nas boas aberturas.



Classicamente, a primazia na parte inicial da partida baseia-se em ocupar directamente o centro com peões. Naturalmente, um centro de peões bem apoiado por peças estabelece uma força poderosa, até porque os peões ao avançarem empurram as peças inimigas, das suas melhores posições, para zonas periféricas.



Recentemente, os jogadores modernos preferem pressionar o centro com outras peças, que não peões.

Estas duas ideias entram em conflito em muitas variantes modernas para a abertura, como por exemplo a Defesa de Grunfeld (variante de troca).





Evidências destas características serão ilustradas na análise de algumas partidas na próxima Sexta-feira, na SER, às 21h00

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