terça-feira, 14 de abril de 2009

Imagens históricas ligadas à convivência entre “mundos diferentes”, pelo xadrez



O amigo Manuel Dias, Ermesinde - Porto, Professor e Investigador em História das Instituições e Cultura Moderna e Contemporânea, teve a amabilidade de enviar este apontamento sobre a união de culturas pelo xadrez, que muito apreciei e agradeço.





Jogo de xadrez a ser jogado por um cristão e por um muçulmano

De origem indiana, o xadrez foi trazido para a Europa pelos árabes.
Nos quase oito séculos que os muçulmanos permaneceram na Península Ibérica, houve, felizmente, muitos períodos de tolerância e convivência, baseadas no reconhecimento mútuo das diferenças, quer no tempo de predominância cristã quer no da hegemonia muçulmana.

Pelo meio, houve também as prestigiadas comunidades judaicas, cujos vestígios ainda persistem em muitas localidades da Península Ibérica, tanto na parte portuguesa como na espanhola.

O xadrez, como se vê nas imagens abaixo, era praticado por todos e entre todos, independentemente da religião professada.

Um bom exemplo da tolerância entre uns e outros foi registado por um cronista islâmico do séc. XII, Osama Munkidh, que esteve na Palestina, como enviado ao reino cristão de Jerusalém. Apesar de reconhecer nos cristãos «certos traços de brutalidade, soube também identificar alguns valores positivos e tentou compreender-lhes as atitudes».

Por isso, Osama distinguia claramente duas categorias nos cristãos que conhecia: aqueles que se estabeleceram no Oriente, pacíficos e dispostos ao diálogo com os muçulmanos, e os peregrinos de última hora, ávidos de aventura, combates e lucro, que se mostravam arrogantes e fartos de maus hábitos.

No desenho ao lado, vêem-se, ao lado direito da tenda, as lanças ao alto (em sinal de paz), enquanto um cristão e um muçulmano disputam uma partida de xadrez persa. É a demonstração de que a convivência entre os “dois mundos” marcados por crenças e socializações tão diferentes nem sempre foi estigmatizada pela guerra.



A primeira gravura e esta ao lado foram retiradas de páginas de um Livro de Afonso X, “O Sábio” (nasceu em 1221, em Toledo,e faleceu em 1284, em Sevilha; a partir de 1252, foi rei de Castela e de Leão; a sua corte, ponto de encontro de poetas galego-portugueses e provençais, constituiu um importante foco de irradiação cultural na Península Ibérica; a ele se deve a divulgação de muitos dos jogos que se praticavam na Idade Média na Península, designadamente o xadrez), vendo-se, na primeira iluminura um cristão e um judeu a jogarem uma partida de xadrez.



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