segunda-feira, 6 de abril de 2009

Xadrez Medieval- Jogo dos Reis


Os Árabes trouxeram consigo para a Península Ibérica um alforge cultural que incluía o shatranj. Este jogo difunde-se por toda a Europa durante o século XI.

O "ajadrez" (designação Castelhana) vai difundindo e alterando as suas características originais, por forma a acomodar as características culturais e históricas da Europa, e em alguns casos, as particularidades regionais.

O Rei substituiu o tradicional Rajá. O elefante que ainda hoje mantém essa designação na língua castelhana (Al-fil), é das peças que vai ter designações mais variadas: em França é o Fou (o bôbo da corte); na Alemanha é o Laufer (o correio); em inglês Bishop (o bispo), etc. O Ferz, representando uma espécie de ministro, foi o primeiro substituto europeu do Mantri, o qual só tinha direito de se mover uma casa na diagonal. Algumas fontes indicam que só no sec. XIII o Ferz é substituído pela Rainha, a peça de maior mobilidade sobre o tabuleiro, ficando então no comando de cada grupo de peças o casal real - Jogo dos Reis.

Estas e outras pequenas alterações modificam o propósito guerreiro original do jogo de representação do exército indiano, por uma réplica em miniatura da sociedade Medieval: a nobreza, clero, cavaleiro e restantes actores sociais das classes inferiores.

O jogo de xadrez passa a ser muito praticado dentro das classes aristocráticas de cada país, sendo aliás considerada uma das 7 áreas fundamentais da formação de cavaleiros e cortesãos.

As mulheres eram também praticantes muito competentes, capazes de igualar o nível de jogo dos homens. Concorria para isso o incitamento à prática de xadrez entre os cavalheiros e as damas da corte. Aos cavalheiros era permitido deslocarem-se aos aposentos privados das damas, unicamente, com o pretexto de jogar xadrez. Alguns episódios interessantes desta prerrogativa especial são assinalados na nossa história.

Num dia incerto, entre 1211 e 1223, D. Martins Sanches, filho de D. Sancho I, é surpreendido jogando xadrez nos aposentos da sua amante, D. Mécia Lopes, por outro cavalheiro da corte que se tinha enamorado por aquela.


No Mosteiro da Batalha pode ver-se na rosácea facial do topo do túmulo de D. Pedro I, ou Roda da Vida e da Fortuna, a representação de D. Pedro e D. Inês a jogar uma partida de xadrez. Esta obra deve ter sido terminada até 1367 e pensa-se que tenha sido encomendada, em vida, pelo próprio Rei.

Na época medieval, parece poder traçar-se uma relação íntima entre amor e xadrez, como ilustrado nos episódios acima, mas também em diversa literatura da época.

A Igreja teve posições relativamente ao jogo de xadrez que foram variando no espaço temporal. Numa fase inicial, durante o século XI, a hierarquia eclesial proibiu a prática de xadrez entre os frades, assente numa perspectiva que o mesmo era uma criação dos árabes, por isso não-cristãos, além de que estaria associado a apostas, o que o tornava duplamente proscrito. Um ou dois séculos depois, o xadrez foi usado com finalidades morais para ilustrar a importância de cada elemento da sociedade cumprir da melhor forma o seu papel, para se atingir o objecto de maior bem colectivo.

Em suma, a fase medieval do xadrez é um período de difusão e experimentação ao nível do movimento e designação das peças, nomeadamente entre as classes sociais mais cultas da sociedade europeia. Admite-se que nesse período o xadrez já fosse conhecido por todo o espaço África-Ásia-Europa, embora talvez apresentando propriedades diversas de região para região.



Bibliografia

[1] Xadrez, Luiz Loureiro,Atlas do Esporteno Brasil, Rio de Janeiro, Confef, 10.8-10.24, 2006.

1 comentário:

  1. Na epoca Mediaval, o jogo de Xadrez era muito recomendado pelas familias reais.
    No meu ponto de vista, o uso do jogo de xadrez nao era so para diversao, mas tambem serve para treinar os herdeiros/as.
    Como xadrez é um jogo de simulação de um campo de batalha ideial, jogando-o pode facilitar a visualizaçao logisticas das futuras batalhas, mas principalmente serve tambem ajuda a desenvolver a velocidade de decisao, o olhar critico, e a capacidade de racicionamento...

    Mas como é obvio, quem manda nas tropas nao sao os reis ou princepes... mas os estrategos da corte(facilitava lhes a vida se o imperador nao fosse parvo). >D

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